“Ser peregrino para se encontrar”

Côn. Manuel Quitério

A Pastoral do Turismo é uma realidade na Arquidiocese de Diamantina. Todavia, precisa ser mais conhecida e vista na prática. Com a chegada de Dom Darci José Nicioli, CSsR, Arcebispo metropolitano, esta pastoral começou a compor o conjunto das pastorais existentes nesta porção do povo de Deus. Hoje estamos vendo que o turismo se apresenta como um fenômeno social, econômico, comercial, ecológico, ético, mas acima de tudo, uma oportunidade inédita e exigente de evangelização. Por isso, a Igreja é interpelada pelo turismo. O intento essencial desta pastoral passa por criar condições para que o cristão possa viver esta realidade como um tempo de graça e salvação. A experiência do caminho, peregrinação, no âmbito da teologia cristã parece ser uma “imitação da vida”. O cristão sente a necessidade de “esvaziar-se” numa tentativa de tocar a divindade, o sagrado, o transcendente, de se aproximar de Deus. Sente a urgência de parar, acolher o mistério, em lugares marcados por uma presença, que deixou marcas. Torna-se peregrino, para se encontrar. Em um desejo de procura, um espaço de encontro, entre o céu e a terra, o turista sai para visitar algo que lhe dê motivo de viver e crer em um universo de contrastes, em que parece não haver lugar.

Diante disso, no dia 23 de setembro de 2022 ocorreu a primeira Live de Pastoral do Turismo da Arquidiocese de Diamantina. Esta se destinou às cidades históricas e a todos os interessados. Sua primeira exposição presencial, foi apresentada a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Campus Diamantina, para os alunos do curso de Turismo e aos seminaristas do Seminário Provincial Sagrado Coração de Jesus. O conteúdo vislumbrou o turismo religioso vendo o descanso e as férias como um valor. Erigimos uma leitura do descanso para ver as férias não como um livrar-se de cansaço quotidiano. Nosso empenho mostrou os benefícios da pastoral do turismo, como o gerar empregos, interação social, fixar o homem à terra natal, qualificar a mão de obra, impulsionar a melhoria nos transportes, a comunicação e o saneamento, entre outros. Apresentamos algumas “receitas” para o sucesso do turismo religioso como atrair, acolher bem, encantar, fidelizar, multiplicar e voltar a atrair.

Propusemos a valorização de quatro verbos. Acolher, preparar, defender e prevenir. Alargamos a visão para a dignidade da pessoa. O turista é que vai avaliar o que viu. Defender e cuidar da casa comum, como nos diz o Papa Francisco. Alertamos o que pode ser um atentado ao turismo. Apresentamos algumas linhas de ação apresentadas no IV Encontro Latino-americano da Pastoral do Turismo, realizado no Panamá entre 15 a 18 de julho de 2008. Por fim, delineamos que o turismo religioso para o seu crescimento precisa ser inclusivo e ver a pessoa não como dado estatístico, mas como irmão e filho/filha de Deus. “Precisamos recuperar a consciência de que, como povo, temos um destino comum”, assevera-nos o Papa Francisco. Para refletir deixamos dois pensamentos. “Fazer turismo é como entrar num portal do tempo e eleger o local desejado, no momento certo” (Rinaldo Pedro). “O turismo é a voz dos caminhos na melodia das viagens: pelo corpo do Mundo” (Joni Baltar). Sinta-se convidado (a) a fazer parte da Pastoral do Turismo.