Para reforçar o variado apostolado da Igreja por intermédio dos meios de comunicação social celebre-se anualmente, nas dioceses do mundo inteiro, um dia dedicado a ensinar aos fiéis seus deveres no que diz respeito aos meios de comunicação, a se orar pela causa e a recolher fundos para as iniciativas da Igreja nesse setor, segundo as necessidades do mundo católico
Decreto Inter Mirifica, n.18
Origens da celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais
Celebrar esta data foi uma iniciativa da Igreja Católica, proposta no Concílio Vaticano II. A Igreja, por meio de seus representantes, reconheceu a grandiosidade do impacto destes meios na vida da humanidade, que levou o Papa São Paulo VI a indicar: “Deve ser, portanto, muito apreciada, no seu justo valor, a contribuição que a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão e os outros meios de comunicação social oferecem ao incremento da cultura, à divulgação das obras de arte, à distensão dos ânimos, ao mútuo conhecimento e compreensão entre os povos, e também à difusão da mensagem evangélica” (Mensagem para o 1º Dia Mundial das Comunicações Sociais, 1967).
Foi em vista de colocar em prática as recomendações do Concílio Vaticano II, no Decreto Inter Mirifica (n.18), que foi constituída a Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais que, por sua vez, criou o Dia Mundial das Comunicações Sociais (em 1966), celebrado pela primeira vez no dia 7 de maio de 1967.
Por que celebrar esta data?
Os benefícios das comunicações sociais são vários, conforme a época, já ressaltados por São Paulo VI na mensagem emitida em função da primeira comemoração. Mas, “nem tudo são flores”, não é mesmo? Há inúmeros problemas decorrentes do mau uso e, por que não dizer do uso antiético destes meios. A nós, inclusive, fica ao menos sensação de que os problemas tornaram-se ainda mais intensos.
Já na primeira mensagem, em 1967, já era explicitada intenção de “suscitar na Igreja e no mundo uma atitude social nova e salutar com relação ao uso desses instrumentos”. Portanto, há alguns porquês para o estabelecimento da celebração. A data é um convite a formação das consciências de cada indivíduo, cada grupo e da sociedade quanto à responsabilidade no uso dos meios de comunicação social. Além disso, é uma chamada aos fiéis para que rezem a fim de que tais instrumentos sejam utilizados conforme a vontade de Deus na concretização da dignidade humana. Por fim, também é um apelo para que os católicos assumam iniciativas de evangelização através destes meios (cf. Sobre o Dia Mundial das Comunicações).
De lá para cá, anualmente, todos os Papas escrevem uma mensagem abordando algum aspecto acerca do tema das comunicações sociais. A data é celebrada sempre no Domingo da Ascensão do Senhor, que marca o envio dos apóstolos para Jerusalém a fim de permanecerem em oração (Atos dos Apóstolos 1,1-11), o que foi a preparação deles para o acontecimento de Pentecostes. A partir daí, recebendo o Espírito Santo, compreenderam que a Boa Notícia, o Evangelho, deveria ser anunciado!
O 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais e a mensagem do Papa Francisco
O Padre José Raimundo Gomes de Almeida preparou uma síntese da mensagem do Papa Francisco para a comemoração deste ano. Cujo tema é “Escutar com o ouvido do coração”.
Veja abaixo:
Com enorme lucidez o Papa Francisco propõe o tema da escuta para a reflexão do 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, neste ano. Tendo refletido no ano anterior sobre o “ir e ver” como verbos norteadores de uma comunicação cada vez mais clara, apontou-nos o caminho da escuta, num exercício contínuo para a construção do diálogo. Ele sugere a escuta como fundamento para a construção de um diálogo autêntico. Aponta que o martírio de Santo Estevão ocorreu porque seus interlocutores cerraram os ouvidos, agindo com violência por não se abrirem ao diálogo.
Nos tempos atuais, enfrenta-se a dificuldade no ouvir, ouvir quem está à nossa frente, tanto nas relações normais do cotidiano quanto em debates acerca de assuntos importantes. O Santo Padre ainda recorda o ensinamento de São Paulo, na carta aos Romanos, de que a fé nos chega pelos ouvidos (a fé vem pela escuta). E numa posição bastante esperançosa, diz-nos Francisco que a escuta experimenta um novo e importante desenvolvimento, tanto em âmbito comunicativo quanto informativo, com base nas novas ferramentas da web.
Isso recoloca a escuta na condição de essencial para a comunicação humana e, deste modo, o Papa chama a atenção quanto a tentação de uma falsa escuta: a espionagem. Essa é contrária a proposta de uma autêntica escuta. Dela nasce um outro perigo: de “falarmos pelos cotovelos”, expressão que ele utiliza pra ilustrar que mesmo na vida pública, quando não há um processo de escuta, ocorre a fala sem coerência, apenas como percepção acústica, e não imitativa de Deus, que se comunica com a humanidade falando e escutando, numa verdadeira relação dialogal. Segundo Francisco, a escuta corresponde ao estilo humilde de Deus, que ao falar cria o homem, e no processo de ouvi-lo reconhece-o como seu interlocutor.
Enquanto discípulos de Cristo, aprendemos em sua escola a necessidade da escuta. Demonstra isso apontando o cuidado de Jesus em convidar seus discípulos a verificarem a qualidade da escuta: “Vede, pois, como ouvis” (Lucas 8,18). Escutar é uma tarefa na qual precisamos nos aperfeiçoar, visto que não basta somente ouvir, mas fazê-lo bem. Para tanto, o coração de quem escuta a Palavra precisa ser “bom e virtuoso” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, n.171).
Por fim, e não menos importante, fala sobre o escutar-se na Igreja: uma igreja que escuta e que se escuta. Na ação pastoral, segundo ele, a obra mais importante é o “apostolado do ouvido”. Dentro dessa temática ele abriu caminho para refletir acerca da abertura do Sínodo na Igreja no mundo inteiro. Nos convidou a rezarmos para que esse processo sinodal seja ocasião de recíproca escuta, a fim de que se edifique uma verdadeira comunhão eclesial, não a partir de estratégias e programas, mas com base na escuta mútua entre irmãos e irmãs.
Como se preparar?
(texto reproduzido do site da CNBB)

A Pascom Brasil disponibilizou o subsídio “Escutar com o ouvido do Coração” em preparação para o 56º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que será celebrado no próximo 29 de maio, solenidade da Ascensão do Senhor. O conteúdo foi produzido pelo GT Formação da Pascom Brasil e tem o objetivo de auxiliar os agentes da Pascom no aprofundamento das reflexões sobre o tema escolhido pelo Papa Franscisco e sua reflexão na mensagem “Escutar com o ouvido do coração”.
A Pascom-Brasil orienta cada realidade pastoral (comunidade, paróquia, diocese e regional) a se servir do material da melhor forma, promovendo encontros de forma presencial ou on-line. Dentre as novidades do subsidio, estão textos de apoio sobre a temática da escuta e da sinodalidade, roteiro para rodas de conversa, além de dicas de livros e filmes sobre o assunto.