Arquidiocese, Notícias das Paróquias, Vaticano

57º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Neste domingo (21/05), Solenidade da Ascensão do Senhor, é celebrado o 57º Dia Mundial das Comunicações Sociais, confira abaixo a reflexão preparada por uma agente de Pastoral da Comunicação (PASCOM) de nossa arquidiocese, inspirada na mensagem do Papa Francisco para este dia.

“Falar com o coração. Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15)

Elssye Marilac Pinto Alemão Silva
Agente de Pastoral da Comunicação – Paróquia Santo Antônio, Curvelo/MG

Pensar em Dia Mundial das Comunicações Sociais requer recordar sua origem, a sua trajetória desde o início. São 57 anos e existe toda uma geração que mal conhece a história por trás, até mesmo alguns setores da própria Igreja.

Em 1967, o Papa Paulo VI, como uma exigência pelo Concílio Vaticano II, quis incentivar o mundo a refletir sobre os desafios e também as oportunidades a partir dos novos meios de comunicação social que surgiam e traziam intensas transformações para uma sociedade envolvida nos avanços tecnológicos em todos os seus setores, e, ao mesmo tempo, em contrapartida, deparava com todo o despreparo para utilizá-los com eficiência, tanto profissional quanto técnico.

Imprensa, telefone, cinema, televisão e rádio estavam em crescente desenvolvimento e as informações escritas ou por imagens chegavam cada vez mais longe e cada vez mais rapidamente.

Percebeu-se que não bastava a profissionalização e competência técnica no uso dos meios, mas, a necessidade da “compreensão da evolução da comunicação nas suas mais diferentes expressões, como linguagem, cultura e, sobretudo, como elemento articulador de toda a sociedade”.

O Decreto Inter Mirifica (n.18), do Concílio Vaticano II conclama que “para reforçar o variado apostolado da Igreja por intermédio dos meios de comunicação social celebre-se anualmente, nas dioceses do mundo inteiro, um dia dedicado a ensinar aos fiéis seus deveres no que diz respeito aos meios de comunicação, a se orar pela causa e a recolher fundos para as iniciativas da Igreja nesse setor, segundo as necessidades do mundo católico”.

Mais de meio século depois, celulares e computadores muito ágeis e dinâmicos deixam para trás qualquer tecnologia daquele início. As novas gerações custam a compreender como era possível que funcionassem fora dos padrões conhecidos atualmente. A influência das inúmeras novas tecnologias e possibilidades de manuseio, infelizmente, leva-nos a esquecer que para haver efetiva comunicação, é preciso, segundo o Papa Francisco, “um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, deve ser ouvido. Isto leva o ouvinte a sintonizar-se no mesmo comprimento de onda, chegando ao ponto de sentir no próprio coração também o pulsar do outro. Então pode ter lugar o milagre do encontro, que nos faz olhar uns para os outros com compaixão, acolhendo as fragilidades recíprocas com respeito, em vez de julgar a partir dos boatos semeando discórdia e divisões”.

Uma comunicação efetiva parte da cordialidade de que a pessoa que nos lê ou escuta viva o amor a Deus no outro, na empatia, na solidariedade, no cuidado da verdade, superando a indiferença e a indignação com que muitas vezes a informação é falsificada. Como a mensagem do Papa Francisco que leva a refletir o “comunicar amando o outro, preocupando-se com ele e salvaguardando a sua liberdade, sem a violar”, citando o diálogo dos discípulos a caminho de Emaús, quando sentem o coração aquecido pelo falar de Jesus, que não Se impõe, mas, propõe ao explicar as Escrituras.

Somente um coração repleto da Palavra de Deus consegue comunicar com o coração do próximo. É a vivência da fé, esta vivência que comunica, que transforma vidas em uma comunicação viva. São corações falando a corações, mais do que “a boca fala do que o coração está cheio”. Um coração se enche do coração do outro e a boca anuncia todo o bem com que o coração foi preenchido, devendo desviar-se de polarizações e oposições, buscando conscientemente, de coração e braços abertos, guardar a língua do mal, para que todos que se aproximem de nós – de modo particular nós, cristãos –, possam sentir a presença de Deus, por Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

Precisamos ser aquilo que comunicamos: portanto, sendo o intenso amor que necessitamos vivenciar para permitir o diálogo e a reconciliação, e extinguir o ódio e a inimizade em qualquer tipo de comunicação que realizarmos.  Assim como afirma o Papa Francisco finalizando sua mensagem: “como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz, pois o vírus da guerra provém do íntimo do coração humano. Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras dum mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos”.

Por fim, todo o esforço para uma comunicação cordial, efetiva e eficaz é dever de todo ser humano, de forma que, não podemos afrouxar no empenho para um diálogo que toque o coração do outro, como o próprio Cristo o fez em todos os seus ensinamentos. Não podemos nos cansar de ser gentis. O nosso exemplo precisa ser o Evangelho, a ser levado a todo coração que, no “sentir, ver e escutar” reflita como espelho e multiplique em ações de verdadeiro cuidado uns com os outros, por todos os cantos onde andarmos.

Não é fácil, mas é possível transbordar o coração de Fé, Esperança e Caridade. E um coração transbordante de bem é capaz de difundir o bem por toda a humanidade. Isso é para “ontem”. Não se perde tempo em amar o próximo.

OUTRAS NOTÍCIAS

CNBB

VATICANO